Segurança Viária

Dispositivos de contenção viária: veja os diferentes tipos e aplicações

Os índices de acidentes de trânsito tornaram-se exorbitantes, envolvendo milhões de pessoas em todo o mundo. Em razão desse crescimento desenfreado, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020.

Com esse movimento, espera-se que governos em todo o mundo assumam o compromisso de adotar medidas efetivas que reduzam os acidentes de trânsito e minimizem suas consequências. Nesse sentido, dentre as iniciativas tomadas no Brasil destaca-se a maior rigidez da legislação de trânsito.

Do mesmo modo, a revisão, em março de 2016, da norma NBR 15486 Segurança no tráfego – Dispositivos de contenção viária – Diretrizes de projeto e ensaios de impacto representou importante marco diferencial para a segurança viária.

Convidamos você neste post a conhecer o que são os dispositivos de contenção, quais os diferentes tipos e suas varias formas aplicações ao longo da rodovia.

O que são e quais são os principais tipos de dispositivos de contenção?

Dispositivos de contenção são equipamentos instalados na rodovia para proteger o usuário de forma a conter, redirecionar os veículos e/ou absorver a energia do impacto. São projetados de modo a reduzir a gravidade do acidente e impedir e os veículos invadam lugares de risco ou alcancem obstáculos fixos.

Com a função de minimizar a severidade dos acidentes, dispositivos de contenção viária estão divididos em dois grandes grupos: os de contenção pontual e os de contenção longitudinal..

Dispositivos de contenção pontual

Existem situações de risco como, por exemplo, a presença de obstáculos fixos que podem ser frontalmente atingidos, assim como o início de uma barreira de contenção não tratada adequadamente. Nesses casos, uma colisão pode resultar em uma carga de impacto concentrada, agravada ainda pelo risco de partes adentrarem o veículo.

Para evitar ocorrências dessa natureza, são utilizados os dispositivos de contenção pontual, projetados e testados conforme as normas internacionais EN 1317 (europeia), assim como NCHRP350 e MASH (americanas).

Por sua vez, a norma brasileira NBR 15.486, de 2016, incorpora matrizes de ensaios europeus e americanos, transcrevendo o nome do ensaio, o modo de aproximação, a massa do veículo, a velocidade e o número do ensaio. Todos esses dados constam das tabelas 12 a 15 da referida norma.

Amortecedores de impacto

São também conhecidos como dispositivos atenuadores de impacto. Possuem a capacidade de absorver energia por meio de desaceleração em uma distância relativamente curta, com níveis suportáveis para os ocupantes do veículo. Podem ser fixos ou móveis.

  • amortecedores de impacto fixos: são utilizados onde os obstáculos fixos não podem ser removidos, realocados ou feitos colapsáveis; ou para iniciar adequadamente barreiras longitudinais em bifurcações, cabines de pedágio, coluna de viadutos e outros. No momento de sua escolha, deve ser considerado que podem ser rediretivos (redirecionam o veículo no caso de impacto lateral) e não rediretivos;
  • amortecedores de impacto móveis: são equipamentos temporários ou portáteis, que podem ser montados no caminhão (AMC) para proteção da área de trabalho e da equipe de manutenção.

Terminal absorvedor de energia

Conhecidos com TAE, são utilizados em inícios de tramos de defensa metálica ou de outros tipos de barreiras de contenção, visando a iniciar de forma segura. São essenciais quando uma barreira de contenção começa dentro da “zona livre” da rodovia ou em um local que pode ser impactado.

Existem outros tipos de terminais que serão abordados em novos posts técnicos, em razão de sua importância e abrangência.

Dispositivos de contenção longitudinal

Esses dispositivos apresentam uma constituição linear como uma barreira de cabo, uma defensa metálica, uma barreira de concreto ou outra, sempre com disposição ao longo da via. Seu principal objetivo é redirecionar os veículos desgovernados e que saíram da pista ou faixa de rolagem.

Em função do material de que são constituídos, podem ser:

  • dispositivos metálicos, como a defensa metálica;
  • dispositivos de concreto, como a barreira “New Jersey”;
  • dispositivo de cabos ou barreiras de cabos.

Podem ser classificados pela posição de instalação na rodovia:

Dispositivo de contenção lateral

Posicionado lateralmente à rodovia, sua função é prevenir que o veículo atinja um obstáculo fixo na lateral da pista ou de terreno não traspassável. Um bom exemplo é a defensa metálica ou as barreiras “New Jersey” e tipo “F”.

Dispositivo de contenção central

Instalado no canteiro central da rodovia, tem como objetivo separar o tráfego de sentidos opostos e prevenir que o veículo atinja outro frontalmente ou, ainda, um obstáculo fixo ou um talude crítico. A defensa metálica dupla ou as barreiras “New Jersey” e tipo “F” duplas representam essa classe.

Dispositivo de contenção sobre pontes

O dispositivo de contenção sobre pontes e viadutos é considerado especial por demandar “Crash Tests” distintos, uma vez que o “Work Zone” é um item critico em seu desenvolvimento. Embora possa ser metálico, no Brasil, são mais comuns as barreiras de concreto tipo “New Jersey”.

Como escolher a melhor opção para um projeto de segurança viária?

O primeiro aspecto a ser observado na abordagem de um projeto de segurança viária é a adoção da citada norma NBR 15486. É imprescindível o conhecimento detalhado de suas previsões, sobretudo tomando como referência a atualização desse instrumento normativo, realizada em 2016.

Segundo essa norma, os dispositivos de contenção devem ser considerados nos trechos da via nos quais estejam presentes obstáculos fixos, estruturas de drenagem e obras de maior duração, dentre diversos outros que relaciona em sua seção 4, Necessidade de dispositivos de contenção.

Além disso, deve o projetista considerar os riscos existentes em cada local avaliado, levando em conta o histórico de acidentes na área em análise. Para esse fim, a identificação dos riscos para o trecho deve ser classificada como normal ou alta, em razão da severidade e das consequências adicionais da ocorrência de um impacto. A citada norma é explícita e esclarecedora quanto a isso.

Por sua vez, para a escolha da melhor opção em dispositivos de contenção, 3 principais variáveis precisam ser avaliadas:

  • o nível de contenção;
  • a severidade do impacto;
  • a área de trabalho.

Assim, para uma seleção do sistema pelo nível de contenção, devem ser considerados trechos homogêneos da via em estudo e avaliados os riscos existentes. Em seguida, deve ser realizada a identificação das condições do local analisado e do tráfego que suporta.

A seção 5 da NBR 15486, “Seleção de dispositivos de contenção viária por níveis de contenção” orienta um passo a passo que facilita muito o cumprimento da norma. Além disso, oferece ao projetista um diagrama ilustrado que lhe permite determinar com facilidade o nível adequado para o trecho em apreço.

Segundo a norma de referência, os níveis de contenção podem ser:

  • normal (N);
  • alto (A);
  • muito alto (MA).

Por sua vez, a severidade do impacto reflete o nível de segurança para os ocupantes do veículo. Classifica-se nos níveis A, B e C para a severidade do impacto dos dispositivos de contenção longitudinal.

Finalmente, o espaço de trabalho consiste na distância da face interna (voltada para a pista) do dispositivo de contenção quando em condição normal até o ponto mais externo já em fase dinâmica decorrente do impacto.

Quais as principais aplicações?

A escolha correta do dispositivo de contenção viária definirá o sucesso e a efetividade de sua utilização. Para isso, devem ser levadas em consideração variáveis como o tráfego (velocidade operacional, percentual de veículos pesados) e as características locais do trecho da via como, por exemplo, a declividade do terreno ou a distância da pista, entre outras.

A norma principal aqui referida considera que os dispositivos de contenção viária, de maneira geral, poderão ser necessários em função:

  • da existência de obstáculos fixos;
  • da existência de taludes críticos, não recuperáveis e não traspassáveis;
  • das estruturas de drenagem lateral;
  • da presença de usuários vulneráveis, como pedestres e ciclistas;
  • de qualquer outra situação que exija a contenção de veículos errantes.

Ao projetista cabe a análise de cada caso e suas características, em consonância com a mais recente normalização para, por fim, proceder à escolha do dispositivo a ser utilizado em cada trecho e obter o melhor custo-benefício. Dentre os principais, destacam-se:

  • Defensas metálicas;
  • Barreiras de concreto;
  • Barreiras plásticas;
  • Terminais de início e de saída de barreiras;
  • Sistemas de cabos.

Agora que você já conhece os principais dispositivos de contenção viária, assine a nossa newsletter e fique sempre atualizado com tudo o que você precisa sobre a norma NBR 15486.