Desde março de 2016, com a publicação da revisão da norma NBR 15486, as defensas metálicas passaram a conter níveis de contenção verificados em testes em laboratórios. O crash test em defensas metálicas é fundamental para assegurar que as barreiras de contenção possam redirecionar o veículo, minimizando, assim, o impacto em acidentes automobilísticos e diminuindo os riscos para o motorista e os passageiros.
No Brasil, os ensaios de impacto são normatizados pela NBR 15486. Todavia, a norma brasileira se baseia principalmente na regulamentação europeia EN 1317, incorporando as matrizes para os ensaios de impacto realizados na Europa.
Neste post, explicaremos como são realizados os “crash test” e quais são as regulamentações que devem ser seguidas para garantir os melhores resultados em projetos de segurança viária. Acompanhe!
Parâmetros para a realização de crash test em defensas metálicas
A fim de melhorar a segurança, o projeto viário pode exigir a instalação de defensas metálicas em alguns trechos da rodovia para conter e redirecionar os veículos errantes com segurança — para os ocupantes e outros usuários da rodovia.
Para os ensaios de impacto, são analisadas três variáveis:
- o nível de contenção;
- os níveis de severidade do impacto;
- a área de trabalho.
Os diferentes níveis de desempenho das barreiras de contenção permitirão que seja especificada a classe de desempenho de uma defensa metálica a ser instalada.
Matrizes de ensaios de impacto
A norma EN 1317 define as classes de desempenho para diferentes níveis de contenção, os critérios de aceitação para ensaios de impacto e os métodos de crash test.
Os critérios de ensaios de impacto seguem a tabela abaixo, reproduzida na norma NBR 15486:
Ensaio | Velocidade do impacto (km/h) | Ângulo de impacto (graus) | Massa total do veículo (kg) | Tipo de veículo |
TB11 | 100 | 20 | 900 | Carro |
TB21 | 80 | 8 | 1300 | Carro |
TB22 | 80 | 15 | 1300 | Carro |
TB31 | 100 | 20 | 1500 | Carro |
TB32 | 110 | 20 | 1500 | Carro |
TB41 | 70 | 8 | 10000 | Caminhão |
TB42 | 70 | 15 | 10000 | Caminhão |
TB51 | 70 | 20 | 13000 | Ônibus |
TB61 | 80 | 20 | 16000 | Caminhão |
TB71 | 65 | 20 | 30000 | Caminhão |
TB81 | 65 | 20 | 38000 | Caminhão articulado |
Os níveis de contenção das defensas metálicas estão em conformidade com os requisitos da tabela abaixo quando testados de acordo com os critérios do ensaio de impacto do veículo, definidos na matriz de ensaio de impacto da EN 1317 — tabela anterior.
Nível de contenção | Combinação de ensaios |
T1 | TB21 |
T2 | TB22 |
T3 | TB21 + TB41 |
N1 | TB31 |
N2 | TB11 + TB32 |
H1 | TB11 + TB42 |
L1 | TB11 + TB32 + TB42 |
H2 | TB11 + TB51 |
L2 | TB11 + TB32 + TB51 |
H3 | TB11 + TB61 |
L3 | TB11 + TB32 + TB61 |
H4a | TB11 + TB71 |
L4a | TB11 + TB32 + TB71 |
H4b | TB11 + TB81 |
L4b | TB11 + TB32 + TB81 |
A avaliação de uma defensa metálica dentro da faixa de níveis de contenção N1, N2, H1, H2, H3, H4a e H4b exigirá a realização de dois testes diferentes:
- um ensaio de acordo com o nível máximo de contenção para esse sistema específico;
- um ensaio com um veículo leve (900 kg), a fim de verificar se a obtenção satisfatória do nível máximo é também compatível com a segurança de um veículo leve.
Contudo, a NBR 15486 aborda ainda a possibilidade de ser utilizada a matriz de ensaios de impacto do mercado norte-americano, de acordo com a NCHRP 350/MASH, realizados em laboratórios credenciados, considerando os critérios:
- velocidade de impacto;
- ângulo de impacto;
- massa total do veículo;
- tipo do veículo.
Confira abaixo a Matriz de ensaio de impacto e níveis de contenção de acordo com a NCHRP 350:
Nível de contenção | Combinação de ensaios | Velocidade do impacto (km/h) | Ângulo de impacto (graus) |
TL 1 | 820C | 50 | 20 |
2000P | 50 | 25 | |
TL 2 | 820C | 70 | 20 |
2000P | 70 | 25 | |
TL 3 | 820C | 100 | 20 |
2000P | 100 | 25 | |
TL 4 | 820C | 100 | 20 |
2000P | 100 | 25 | |
8000S | 80 | 15 | |
TL 5 | 820C | 100 | 20 |
2000P | 100 | 25 | |
36000V | 80 | 15 | |
TL 6 | 820C | 100 | 20 |
2000P | 100 | 25 | |
36000T | 80 | 15 |
Severidade de impacto
Para cumprir os parâmetros de crash test, é necessário, ainda, observar a severidade de impacto. Ela é tratada pelos índices ASI e THIV, conforme a tabela 8 da NBR 15486. O nível A é mais seguro que o nível B, que, por sua vez, é mais seguro que o nível C.
Nível de severidade | Valor do índice | |
A | ASI < = 1 | e THIV ≤ 33 Km/h |
B | 1 < ASI < = 1,4 | |
C | 1,4 < ASI < = 1,9 |
Espaço de trabalho
A deformação das barreiras de segurança durante os ensaios de impacto. É importante que a deformação seja compatível com o espaço disponível entre o objeto fixo até o dispositivo de contenção.
O espaço de trabalho, ou workzone, consiste na distância entre a face voltada ao tráfego do dispositivo de contenção, antes de ser impactado, até o ponto mais externo do dispositivo, em fase dinâmica, decorrente do impacto. A seguir, é possível verificar a classificação dos níveis de espaço de trabalho.
Níveis | Espaço de trabalho |
W1 | ≤ 0,6 |
W2 | ≤ 0,8 |
W3 | ≤ 1,0 |
W4 | ≤ 1,3 |
W5 | ≤ 1,7 |
W6 | ≤ 2,1 |
W7 | ≤ 2,5 |
W8 | ≤ 3,5 |
Critérios de aprovação para ensaios de impacto
Após o crash test, de acordo com os critérios de ensaio de impacto definidos na Matriz de Ensaio de Impacto, as barreiras de contenção devem seguir alguns requisitos.
Comportamento da barreira de segurança
A barreira de contenção deve conter e redirecionar o veículo de maneira segura sem que nenhuma parte do dispositivo coloque risco indevido a outros veículos, pedestres ou pessoas em uma zona de obra. Exemplo: Peças com mais de 2kg que durante o impacto se desprendam.
Os elementos da barreira de contenção não devem penetrar no compartimento de passageiros do veículo. Deformações ou intrusões no compartimento de passageiros que podem causar ferimentos graves não são permitidas.
As fixações no solo devem funcionar de acordo com o projeto do sistema de barreira de segurança.
Comportamento do veículo
O centro de gravidade do veículo não deve atravessar a linha central do sistema deformado. O veículo ainda deve permanecer na posição vertical durante e após o impacto (não pode capotar), embora sejam aceitáveis movimentos moderados.
Índice de severidade
Os índices ASI e THIV (PHD) devem ser calculados utilizando a instrumentação do veículo. Esses valores devem ser citados no relatório de teste.
Deformação do veículo de ensaio
A deformação do interior do veículo deve ser avaliada e registrada em todos os ensaios com automóveis de passageiros.
Outras Informações
Após a realização dos testes o fabricante recebe um relatório completo, com gráficos, fotos, videos, dados da instalação e até analises químicas e físicas dos materiais que foram ensaiados.
Com base em todos esses critérios, a realização de crash test em defensas metálicas garantirá que os dispositivos de contenção ofereçam o máximo de segurança para os usuários de rodovias. É fundamental ainda que sejam escolhidos os melhores fornecedores de barreiras metálicas.
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