Segurança Viária

Como otimizar um projeto de segurança viária para ter o melhor custo-benefício

A escolha de defensas metálicas a serem utilizadas em um projeto de segurança viária deve seguir regulamentações estabelecidas por meio de normas da ABNT. Atualmente, o mercado viário no Brasil é normatizado pela NBR 15486, que dispõe sobre a segurança no tráfego ao estabelecer as diretrizes dos projetos de dispositivos de contenção viária e determinar os requisitos para os ensaios de impacto.

Se a escolha da defensa metálica, popularmente conhecida por guard rail, for bem-feita, não haverá gastos desnecessários com o projeto viário. Em contrapartida, se a seleção for realizada decorrendo à padronização adotada anteriormente à NBR 15486, os trechos da rodovia serão sub ou superdimensionados e, dessa forma, comprometerão o custo-benefício do projeto.

Todavia, para a otimização de um projeto viário, antes mesmo da definição de qual defensa metálica deve ser usada, é necessário avaliar se há a necessidade real de utilizar esse dispositivo. Os diferentes profissionais envolvidos em um projeto viário devem se comunicar para que as melhores escolhas sejam feitas sem prejuízos para o desenvolvimento desse projeto.

Para evitar que possíveis erros prejudiquem o planejamento estabelecido para um projeto viário, explicaremos a seguir quais critérios devem ser levados em consideração pelos projetistas.

A integração entre os projetistas

Se — durante a fase inicial de criação do projeto — ocorrer a integração do projetista responsável pela geometria da pista de rolamento, o projetista de drenagem e o projetista de segurança e sinalização viária, muitos gastos podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados.

Como exemplo, podemos utilizar um projeto de drenagem que pode estar perfeito em seu conceito e seu cálculo volumétrico, mas porem apresentar um risco para os usuários da via. Nesse caso, talvez uma solução diferente seja eliminar totalmente o gasto de proteção desse obstáculo dentro da zona livre.

Conceito da rodovia que perdoa

Independentemente do motivo que leve um veículo a sair da pista de rolamento, o objetivo é ter um ambiente lateral livre de obstáculos, com declividades suáveis e estáveis, a fim de reduzir a severidade do acidente.

Há a necessidade de proteger toda a rodovia?

Antes de definir que existe a obrigatoriedade da instalação de uma defensa metálica, é imprescindível, para garantir um projeto otimizado, verificar se o obstáculo que está dentro da zona livre pode:

  • ser removido;
  • ser redesenhado para tornar segura a sua travessia;
  • ser realocado para fora da zona livre;
  • tornar o obstáculo colapsível, se possível.
  • proteger o obstáculo;
  • sinalizar o obstáculos se nenhuma das alternativas acima não sejam possíveis.

Necessidade de dispositivos de contenção

Em várias situações de obras já executadas, é necessário fazer a proteção do obstáculo, mas um conceito precisa se tornar claro. O projetista deve estar preocupado em proteger os usuários em primeiro lugar e não o obstáculo em si. Essa frase parece óbvia, mas, em muitos casos, encontramos distorções nesse conceito.

A barreira de contenção, seja ela um defensa metálica ou de qualquer outro tipo, visa a redirecionar o veículo para a pista da forma mais segura possível, minimizando assim os riscos para os motoristas e os passageiros que trafegam por aquele trecho ou para algum usuário vulnerável da rodovia.

O que demanda a necessidade de dispositivos de contenção

Conforme previsto pela norma NBR 15486 de 2016, há a necessidade de instalar dispositivos de contenção em trechos de uma rodovia que apresentem dentro da zona livre os seguintes exemplos não tratados:

  • obstáculos fixos;
  • taludes não recuperáveis;
  • presença de usuários vulneráveis em áreas lindeiras
  • estruturas de drenagem e caixas de captação;
  • pórticos e suporte de placas e luminárias;
  • canteiros centrais com histórico de acidentes.
  • obras de longa ou média duração.

Entretanto, é vital que o projetista analise o local, os demais riscos envolvidos e as características dos tráfego, bem como o histórico de acidentes do trecho.

O que define o nível de risco existente na rodovia

A partir da necessidade de instalação de uma defensa metálica no trecho rodoviário em questão, é preciso definir o risco desse local, seja ele normal ou alto. Conforme a norma NBR 15486 de 2016, esses riscos são definidos de acordo com os seguintes critérios:

Risco normal

  • Acidentes gerados com severidade normal, sem consequências adicionais e perigos que possam elevar a sua severidade e suas consequências.

Risco alto

Existência de perigos que elevem a severidade e as consequências de um acidente, como:

  • risco a terceiros dentro da zona livre, como acesso a áreas populosas (escolares, habitacionais ou laborais) lindeiras à via;
  • estruturas que possam desabar (passarelas, pórticos e outras);
  • locais que propiciem quedas em taludes críticos altos;
  • segmentos próximos a águas profundas;
  • áreas de mananciais;
  • curvas acentuadas;
  • declividades acentuadas;
  • trechos com alto índice de acidentes;
  • áreas de armazenamento de produtos químicos e combustíveis;
  • torres de alta tensão.

Seleção de dispositivos de contenção viária por níveis de contenção

A seleção de dispositivos de contenção viária por nível de contenção deve ser feita por trechos homogêneos da rodovia. Isso permite que cada trecho tenha um tratamento adequado ao local, otimizando os custos do projeto. A seleção do dispositivo de contenção deve seguir a figura 13 da Norma NBR 15486 de 2016.

Fatores de seleção do dispositivo de contenção

A seleção do dispositivo de contenção a ser utilizado em um trecho rodoviário deve ser feita de acordo com os seguintes fatores:

  • classe da rodovia
  • velocidade da via;
  • características do tráfego, seu volume e a porcentagem de veículos pesados na composição dessa circulação;
  • características físicas da via e do seu entorno, condições geométricas adversas, como curvas e rampas acentuadas, geralmente combinadas com distância baixa e condições laterais da pista;
  • consequências caso um veículo pesado penetre ou ultrapasse o sistema de contenção em locais de risco alto;
  • natureza do risco e dos obstáculos existentes na rodovia;
  • estatísticas de acidentes.

Dessa forma, o projetista será capaz de determinar o nível de contenção que deve ser aplicado nesse trecho da rodovia, seguindo as classificações:

  • normal (N);
  • alta (A);
  • e muito alta (MA).

Para os sistemas testados conforme a norma europeia EN 1317, temos a seguinte:

  • classificação normal: N1 e N2;
  • classificação alta: H1, H2 H3, L1, L2 e L3;
  • classificação muito alta: H4a, H4b L4a e L4b.

Outros dispositivos podem ser determinados como temporários, com classificação T1, T2 e T3.

O que garante o custo-benefício de um projeto de segurança viária

A análise do nível de risco é fundamental para evitar gastos desnecessários em um projeto viário. É preciso observar os diferentes trechos de uma rodovia e suas características específicas para que seja definido o nível de contenção das defensas metálicas que ali serão instaladas.

Usualmente, as vias marginais de classes mais baixas, por exemplo, têm trânsitos locais e velocidades mais baixas, em que não é preciso recorrer a um nível de contenção mais alto. Outros exemplos são pátios de manobras, estacionamentos e shopping. Assim, no projeto, é possível ter formas de otimizar o custo, em vez de aplicar dispositivos de contenção de nível alto em todos trechos.

É possível determinar em cada ponto do projeto como ele será otimizado de forma correta, sem colocar em risco as pessoas que trafegam por aquela rodovia — e com as garantias dos ensaios de impacto ou crash tests.

A escolha de barreiras longitudinais não deve ser feita somente com base nos preços dos guard rails, uma vez que um projeto seguindo esse critério pode colocar em risco a vida das pessoas que trafegam nessas rodovias.

Os projetos devem seguir todas as diretrizes que constam na NBR 15486 de 2016. Recomendamos a leitura atenciosa dessa norma da ABNT que foi concebida com base em normas europeias e americanas.

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